domingo, 20 de novembro de 2011

Reencontro

Música lúdica
O homem em transe
Transa o som
Curte o som

Uma das túnicas
O homem em trajes
Mascara o som
Nega o cio

Música e túnica
O homem estranho
Muda o som
Nega o som

O lúdico desaparece
O vazio cresce
A dor desenvolve

E a busca começa
O retorno do homem
Para o homem

domingo, 13 de novembro de 2011

De outro tempo

No bule, café fresco,
Não à cafeteira,
Algo novo a caminho,
A novidade cansou.

O som da cachoeira,
O "wallpaper" é gelado,
Sem contato, pele, toque,
Quero a fruta do pomar.
Vou pro mar,
Mergulhar,
Nadar, nadar e curtir.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ser/Estar

Hoje, eu.
Amanhã, não sei...
Ontem, fui.

Hoje, não sei?
Amanhã, seria.
Ontem, eu!

Hoje, fui...
Amanhã, eu,
Ontem?

Hoje, sou.
Amanhã?
Ontem, foi...

Hoje, estou?
Amanhã, poderia
Ontem, não vi.

O hoje faz o amanhã,
O hoje veio do ontem,
O ontem faz o amanhã.
O futuro passou e eu não vi.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Queda em ascensão

Calado por tantos calos,
Silêncio de falsa sabedoria,
De olhos baixos,
Lágrimas abafadas,
Escondo-me de mim em mim.

Buracos cavados a unha,
Feridas sem cor ou odor,
Insípida angústia de vida,
Crescendo de mim, em mim.


domingo, 5 de junho de 2011

Parceria

Sei o que penso do mundo,
Sem você quase não ando,
Sinto
quando
você está aqui...

Quando a luz o chão clareia,
A vontade incendeia,
Voo
lindo
da insensatez...

Olho pra cada momento...
Sempre esteve aqui.
Sopro um beijo para o vento
e ele volta aqui.

Quanto eu ri de mim agora,
Balançando na cadeira,
Lembro,
Tempos
de armas e heróis.

O herói de mim que chora,
Veste as cores da madeira,
Vinde,
Beija,
Eu venci a dor.

Quanto eu ri e vou embora,
De relance olho a feira,
Vejo
tudo,
Minh'alma sorriu pra mim.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Signo

A tempestade levou tudo,
Um furacão, mudo, espantado,
Olhava, em mim, olhava,
O raio me amputou,
Calado, doeu muito,
Nada pude fazer...
me perdoe... se puder...

Não quero isso, engulo.
Tenho que ver,
Não tenho pálpebras,
A luz não devia estar aqui...
Machuca!

Vou andar, tenho muletas,
minhas...
prescritas...
Não espere de mim,
Não espero do mundo...
Tenho por amigos
quem veio da dor.

Os outros?
Não sabem o que é vida.
Eu sei...
Eu sei o valor exato.
Nem de mais,
Nem de menos.
Vida é vida e só.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Angústia

A dona do desfile,
Com seu olhar singelo,
Os movimentos leves,
Atraem minha sorte.

Os passos resolutos
Ecoam nos ouvidos,
O mundo não percebe,
Mas eu engulo os gritos.

Envolto em hipnose,
A chama se apaga
E como uma praga,
Deito-me em seu riso.

Um riso inexistente
Que trai a minha mente,
A dor que invade o corpo,
Quero me levantar,

Eu tento e não consigo.
Na cama estou com ela,
Companheira e fera,
Rolando sem amor.

terça-feira, 22 de março de 2011

Metade intensa

A meio caminho pensei,
Há meio caminho.
No meio do meio do quando,
Há meios, não sei por enquanto.

O fim não o quero no meio,
O fim não é meio enfim.
No meio eu vejo o que passa,
No fim nada passa do fim.

Do meio aumento a metade,
Com o meio minh’alma reage
E quando vislumbro horizonte,
Mandei para além o meu fim.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Campos do destino.

Colhi o que plantei nos campos do destino,
Daninhas ervas li, perdi as entrelinhas,
O cesto desmanchou, as mãos não eram fortes,
Perdi o que salvei, chorei como menino.

Das vozes eu não falo, dizem que pequei,
O preço foi bem alto em tudo que paguei,
Se tentar é pecado então sei que errei,
A chuva foi ao largo e eu aqui sequei.

Dos mimos não mais digo, livro dos tormentos,
Caixinha de lembranças, tenho meus unguentos,
Dos campos do destino recolhi o entulho,
Embaixo as sementes pra novos momentos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sou o que quero que veja.

Brinco que sou forte desde pouca idade,
Faço que vou Norte uma sumidade,
Fico de esperto longe devaneios,
Vê, eu não sou pouco, sei dos meus floreios,

Canto em tom maior mas vivo em tom menor,
Alto linguajar tratado quase de cor,
Sei você me olha, até me admira,
Mas só dou minhas caras quando a alma brilha,

As paredes contam como são meus dias,
Várias estações unidas na pele fria,
Sei de cada hora, sabes só o que quero,
Não escondo um monstro, mas sim um flagelo,

Água fica turva, escuros pensamentos,
Nunca sorriria sob esses tais tormentos,
A luz se apaga, morro alguns instantes,
Talvez por uns dias, jamais como antes,

Esta novidade de mim eu sabia,
Mesmo inconsciente isso me aprazia,
Do silêncio ao verbo, verso em orgia,
Olhos de Harpia sem objetivo...

Pensamentos:
“A água está fria, não quero tomar banho. Limpar pra que?”
“Me deixa aqui, deixe a cortina fechada. Feche a porta.”
“Não quero visita... Ah! Entrou... já não basta eu te aguentar e você ainda vem me dizer pra levantar o corpo, dar umas voltas... se isso é bom faça você!”
“Vai falar abobrinha pro seu canteiro...”

segunda-feira, 7 de março de 2011

Reconstrução...

Sou a minha história,
Bem vivida, mal falada, não querida.
A escolha não foi minha.
Foi?
Passado!

Sou o filho que não queria...
Aquele que ia vencer
Caiu na batalha,
Não por fora,
Por dentro,
Ruiu.

É minha a história
Quando tento e não vejo
O que está a minha frente:
Muitos sonhos e desejos...
Muitos sonhos e...

Sou a fenda.
Transformo o belo em lixo,
Reciclo,
Mas vem a indiferença,
Meu escudo.

Sou a máscara
De muitas caras,
Que caminha com firmeza,
Fala doce garganta quente,
Que esconde a tristeza
De viver coadjuvante.

Sou a bomba!
Que implode em cada instante,
Faz jardins e caos nascentes,
Não perenes não concretos.

Sou minha história,
Mal contada, meio avessa...
Minha glória.
Sou a lenda...
Aquela,
Sobrevivente que volta,
Revolta complacente,
Sereno, domado, contrito,
Alegre adestrado,
Não sou meu.

Sou a água,
Ora cálida lagoa
Ora o céu em tempestade.
Mas ainda faço a minha história,
Acredito que faço a minha história,
Eu caminho na história,
Ando e tento a história,
Quero,
Faço,
Vejo,
Sinto,
Não gostei...
Vou recomeçar.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Diferentes por igual

Pensar brigas,
Universo,
Ego, ego,
Goela abaixo,
Ouço a água,
Ondas, mágoa,
Ondas, sondas
Da mesmice,
E se... E se...
Fosse morno,
Mono, mono
Tom vivente,
Quente, gente,
Gente mente,
Mente funda,
Foz corrente,
Sente, sinto,
Cinto prende,
Prende a prece
Entre tantos
Fios finos
Tortos, rotos,
Meus remorsos
Sem sentido.
Ando e rio
Dos meus ritos,
Diferentes
Mas iguais.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por mais estranho que pareça

(Escrito em 11/2004)

Não sei se é isso que eu queria dizer
Mas é disso que estou falando
Na verdade eu nunca quis dizer isso
Mas já disse, fazer o que?

Por parecer não ter dito nada
Não se engane, eu já disse
Não sei se fiz da forma errada
Mas está feito.

Diz agora que não está direito
Eu posso até concordar
Você não sabe o que está no meu peito
E que acabei de arrancar.

A força dos seus ouvidos
acabou de me aliviar
É verdade, eu não sei o que eu disse
Mas obrigado por me confortar.

Verborragia eufórica

(Escrito em 2004)

Não creio que seja impossível
Crer que existem crentes
Em crenças que tendem a crendices
Devido à crescente crença
Nos credos cruelmente místicos
E financeiramente racionais.

Estando todos entalados
Enlatados estalam
Nas talas das línguas
E estouram então
Em estrumes lotados
Com coisas do passado.

Das muitas histórias que ouvi,
Uma me impressionou.
Qual é?
Alguém já lhe contou.
Não pense que perdi o juízo.
Estou escrevendo de improviso
E na mais completa falta de assunto,
Digo o que me vai chegando

Não sei nem até onde vou,
Se paro aqui nessa linha.
Enquanto tiver euforia
Escrevo fazendo remendo.
Já não importa o sentido,
Minha mente quer só extravasar.
O que faço com isso ou aquilo
Só a ela deve interessar.

Deixo as palavras bem soltas
Nem olho a ortografia.
Depois mando o texto pra tia
E ela corrige se quiser.

Quanto à história que falei acima?
Realmente ela me impressionou.
Era de um cara que escrevia
E ainda achou quem decorou.

Continuam...

(Publicado em 20/11/2004 no Grupo Poema Livre)

Menino triste, não me olhe assim.
Não sei dos seus problemas
E creio que ninguém saiba.
Chore...ponha para fora...
Não consegue?
Tente sorrir, menino triste.
Pare de me olhar assim...
Eu não entendo mas,
Quero entender...

Está aí, você, de novo.
Agora um rapaz...triste.
Continuo não lhe entendendo,
O que há com você?
Grite! Faça alguma coisa!
Você me constrange...
Dói muito em mim lhe ver,
E lhe ver desse jeito.

As coisas continuam,
As cordas continuam,
O reflexo é sempre o mesmo,
E você, espelho,
É implacável...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O querer

Tem dia que é um saco!
Nostalgia de bons dias
ou pensando que valeram a pena
se valeram, nem isso vejo.

Tem dia que é um porre!
Alegria pra todo lado,
Fugaz, anoréxica, cái,
Eu não me alimentei.

Tem dia que é da hora!
Sou Rei, meu reino eu mesmo,
Acordo o Sol pra aurora,
Masmorra Sol vá embora.

Tem dia que sou eu...
e vejo a mim e em volta,
Aqui, mundo normal,
Infecte-me pra eu sair fora.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

noites que são noites... dias que são dias...

Tem dias que parecem noite
e noites que parecem dia,
O vento frio aquece
e o calor gela a alma,
Trauma,
Trama,
Drama,
Gotas de nada no nada,
lágrimas vazias,
Desencontradas.
Mas tem dias que são dias
e noites que são noites,
Quem me dera
fosse sempre assim.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Limites

Não sei se quero escrever
Nenhum assunto me vem
Estou sem inspiração
pra que escrever então...

Poderia escrever um conto
Fazer um poema, uma linha
é caminhando que se caminha
Frases feitas,
melhor não

Talvez, suando um pouco
mas o pensamento está rouco
Fora do tom
manivela pesada

Fica assim, não vou escrever
Não dá, o que posso fazer
Deixei a caneta de lado
Tirei as mãos do teclado
(Depois tento de novo)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Recanto

No canto da casa
fico sentado
olho de lado
pro canto da casa

No canto da casa
ouço o canto
Não canto da rua
mas canto da casa

No canto da casa
vem uma voz
do canto do mundo
do canto da casa

No canto da casa
cabeça, meu pranto
de choro infantil
do canto da casa

No canto da casa
imagino uma história
ilusão ou memória
do canto da casa

No canto da casa
a luz da janela
mas eu fugi dela
pro canto da casa

No canto da casa
não quero o canto
que invade os ouvidos
do canto da casa

No canto da casa
só vem martelada
a alma ilhada
no canto da casa

Escuto uma bomba
no canto da casa
que explode e implode
o canto da casa

A brisa chegou
no canto sem teto
e um canto discreto
me faz levantar

O canto da casa
virou melodia
que canta o canto
do canto da casa.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Colisão

Vi o que tu fizeste
Falavas muito e nada
Ao mesmo tempo
Em tempo algum
Fonte jorrando enxurrada
E teu rosto brilhava
Tantos livros, croquis e discos
Estavas a brincar com fadas

Cálculos, Química, Física, filos
E a raiz de todas as palavras
Não só as horas e as estrelas
A Teologia também dominavas
O mundo ficava tão pequeno
Tu borbulhavas
Nadar o Atlântico, o Índico e o Reno
Fluindo em cascatas

Os braços em volta da Terra
Sublime devaneio sem erro
Sorrias do temor humano
Não vi o homem
Estavas além
O super homem
Não o de Nietzsche
Mas o que cai ante a kryptonita

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As Feras

Subi a montanha para gritar
Soube da montanha falar e gritar
Aquele povo lá embaixo me ouviu
E aquele povo de baixo me viu

Virei um mosquito e voei até lá
Falavam do grito, o grito do louco
De cima do morro berrava, bradia
Gritando com a força da entranha que tinha

Estava orgulhoso de terem me ouvido
De doido me chamam depois do rugido
Mas eu não sou louco, jamais eu rugi
Tentei avisar dos leões que eu vi

Eles não me ouvem ou fingem escutar
Não querem os berros quando possa dar
Querem silêncio, que eu deite, que eu durma
Assim, desolado não faço besteiras

Então eles correm de um lado pra outro
Mordidas e urros, alertas do louco
Deitado sorrindo quietinho os ouço
Leões se fartando de quem me fez pouco

Assim depreciado, depressivo durmo
Não foi de um sonho que vieram as feras
Eles machucados e eu quase morto
Eterna criança, cuidados pro tolo

As feras se foram de barriga cheia
Não era de carne mas de alma alheia
Por fora intacto, inteiro, sem teia
Por dentro feridas deixadas da ceia