sábado, 9 de novembro de 2013

O Colono


Afunilado em opções,
lufadas de vento,
intermitentes.
De cravo em cravo
com garra, escravo!
Consciente?

Inconsequente
afunilou-se em opções.
Tirou as pétalas do leque,
um punhal.
Esgotou-se.

Folhas de outono europeu,
o índio ainda morre.
É ateu, um herege,
inconsciente
matuto.
Macumba raiz também morreu.
É quizumba, Seu Freud!

Conveniente espantar o bode,
morro acima.
Entusiasmo ligeiro,
Eleva os braços, cioso...
Onde está a leveza?
Morreu algum dia?

Nascido...
Um dia na colônia,
Sonho em calúnias...
Perfumaria.
Nada percebeu e,
ainda se curva,
gratidão.

O colono traz os teus.
Afunila-os em tuas opções, crê.
Especializa-os no teu querer vento.
A tristeza é alimento,
Alegrias depois dos tempos.
Alegorias.
Creu.
Saber estéril. 



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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sem Tempo

O barulho do relógio
tenta marcar o passo
dos meus pensamentos.
Enche o saco,
não gosto do tempo.

Cada hora que passa
vejo que não fiz nada,
e continuo não fazendo.

O tempo grita aos meus ouvidos,
ou dentro deles.


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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Simples

As ladeiras chamam os quadris pra dançar,
As ladeiras ditam o ritmo.
As cadeiras chamam os quadris pra sentar,
pra conversas de foro íntimo.
O direito meandra tão secular
e renega o gingar ínfimo.
Então quando deixa de analisar,
A desnudo fica o istmo.
O balanço está em todo lugar,
é direito, caminhar lúdico,
As ladeiras mostram quadris a dançar,
Em soslaio do olhar tímido...
Natureza mostra o seu lugar,
revigora química e ânima.



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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Céu


Quando em alma corria do enfado,
Nuvem caída no chão, de lado,
Descia, descia, descia no canto,
Na boca o lobo tragava meu sonho,
Cantava o sorriso do olho irado,
Deitei este corpo sangrando um fado.

Ai! que me fiz tão pequeno e tão raso,
Sinto e senti do mistério um raio,
Não com justiça olho o meu passado,
Não sem justiça o tenho olhado,
Verde pastagem é a relva do inferno,
Doce e cego é o riso de Adão.

Ai! que me vi tão pequeno e tão manso,
Rasgo de dor de um cajado ameno,
Minha raiz quase tirei do senho,
Porque tornei-me a doença falada...
Mudo, soturno de alma calada,
Deitei o corpo sangrando o nada.

Canto o sorriso do olho irado,
Vivo a cegueira do riso de Adão,
Ainda escuto a parte que chora,
Agora não posso meu uivo ecoa,
O lobo avança na verde pastagem,
Preciso voar dentro da tempestade. 



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sábado, 29 de junho de 2013

Passagem

Quando era um eram dois
Quando eram dois era um
Mas na verdade depois
vem do depois o não sei

Quando cresci eu sonhei
quando não fiz só chorei
Com os sentimentos rezei
dos sentimentos não sei

Quis me gritar não me ouvi
quis me ouvir não gritei
quando falei não falei
só de mentiras vivi

Agora velho eu sei
o que não fiz não farei
o que eu quis me afoguei
Escreve aí: Mais um morreu.



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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nome


Meu nome
é quanto eu sei de mim.
Do mais em obras,
estou a reconstruir,
Tem começo
não tem fim.
Enfim meu nome,
este eu sei de mim.
Sei de mim...
Mas por que não
José ou João?



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domingo, 24 de março de 2013

Carência


Carência,
fome demência,
aula clemência,
desmedida força.

Ausência,
sem complacência
rumo, tendência.
Voz de uma tez.

Saudade do que não vejo.
Vontade do não desejo.

Imploro, fuja o vazio,
dessa demência,
que é uma força,
que é só carência.



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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Tempos de ração


É comida.
Sem tempero,
sem gosto,
sem cor,
mas é comida.
Sem cheiro,
sem sal,
sem sabor,
mas alimenta.
Dizem que sustenta.




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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Crisântemo

Eu sinto
sou planta
dei frutos de mim

Sou forte
Sou fraca
Vegeto pra ti

As vozes e olhares
me tocam em mim
Sou flor que arqueia
tão perto do fim

me cuide
me ame
Preciso assim

Meu nada é meu tudo
o seu tudo meu fim
Desejo carinho
do mundo e de ti



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domingo, 6 de janeiro de 2013

Despertar

Quero o querer
não sei querer
o que querer
pra que

Posso andar
um passo dar
passo a andar e ver

Alguma luz
vi uma luz
quero mais luz
mais ver

Vejo minha vez
vez que me fez
crer que posso
querer

Agora quero
vi o que quero
quero andar com vocês



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