domingo, 26 de dezembro de 2010

Ismália Alienada

Vago entre o preto e o branco em cores decomposto,
O ultra e o infra oscilam em tom falso bem pomposo,
Os raios dançam ao som da sinfonia dos trovões,
O bizarro do bizarro não o vejo em meus botões,

Vim para este lugar que tento e quero entender,
Atento à calmaria de latitudes muito baixas,
Já não escuto nada, o relógio não é meu,
Pareço descolado mas deslocado está meu eu,

O espaço e o tempo insistem em jamais caminhar juntos,
A mente ora voa,
ora se enterra em penúria,
Ismália alienada que nem salta nem recua.

Não quero o alienista mas já quis o seu machado,
E entre o preto e o branco eu vou sendo mapeado,
Os olhos não perdoam, estou só com os meus botões.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O Trato

Vinte e seis de outubro,
Um dia obscuro
De noventa e seis.

Achegou-me a morte,
Sem acaso ou sorte,
Mas porque a chamei.

Foi no meu consultório.
Daquela sombra negra
Pude ouvir o sorriso,
Timbre rouco de guizo,
Escondendo a boca,
Pondo em cena o estilo
Para assustar a presa,
Que o terror amofina.

Mas foi meu o chamado,
Então não me importava
Com todo aquele clima.

Pude ver entre os dedos
Seus dentes estragados:
_ Deixe que eu veja isso?
Está tudo em cacos,
Parece a minha vida.

Pega desprevenida
Mostrou-me as suas presas
E adjacentes dores.

Fiz-lhe então a proposta:
_ Faço o tratamento
E como pagamento,
Deixe-me por enquanto.
Quando for minha hora,
Você vem sem demora
Com um sorriso bonito.

Sem pensar aceitou.
Depois de tudo pronto,
Levantou-se e foi embora,
Antes parou à porta:
_ O trato está firmado,
Vivas com mais cuidado
Olhes tudo a sua volta.
Deste-me este alento
Que trazia em tormento
Desde o início até agora.
Podes fazer bem mais
Do que pensas capaz
Pelos teus e por ti.
Vim buscar mais um fardo
Mas meu riso amargo
Que morreu por aqui.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Amanhã

Sonho, sonho com momentos
Abro a casa para os ventos
O que foi ficou
O que vem eu sou

O sorriso me alimenta
A história a gente inventa
O que sou restou
Meu erro ensinou

Que amar é melhor do que só chorar
Que sonhar é em si um começo
Que ter fé me faz andar
E ter Fé me faz acreditar
Num dia melhor

Molho o rosto com a chuva
Abro os braços para a chuva
Depois o luar
Vem me abraçar

O sorriso me aquece
Com a história a gente cresce
Como um professor
Que traz o amor

E viver é melhor que quase viver
E fazer é mais um filho dos sonhos
E orar faz refletir
Entregar ao meu Senhor
O amanhã.