quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nuvens

Sinto que pontos circundam
Podem tornar-se gatilhos
Basta que um deles desça
Ou esmoreça meu brio

Como o controle de torre
Eu os obrigo no ar
Todos me forçam passagem
E vou deixando pra lá

Então espero uma luz
Nunca ela vai se acender
Pois não existe magia
Se eu não tocá-la e verter

Sem levantar providência
Vai cair tudo na estrada
E esse percurso que faço
Será uma via quebrada

E aquelas nuvens circundam
Para ser crises ou não
Com atitude ou desdém
Eu faço minha opção

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cores

Vejo as cores do remédio.
O remédio das cores.
Das dores que não tenho mais,
Das flores que deixei pra traz.

Flores, ah! flores...
Plantei novas com muitas cores.
Não estão embaçadas e,
tem um cheiro agradável.
Amores abertos ao vento.

Balançam... gostoso!
Exalam seus sabores,
de cores.
Remédio pra ser o ser.
Andores sem signo,
somente flores do existir.

Transformam em beleza
tudo o que é podre,
não ligam... Humildes
são remédio em cores.
São flores que vou olhar,
cheirar, sentir...
Talvez as consiga ouvir.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Bipolarizado

O Bipolarizado, um personagem
de dentro de mim. Uma imagem.
Transtorno, oscilação, insegurança,
sentimentos dúbios, de forma intensa.

Um lago de desejos distorcidos.
Afago de momentos bem vividos.
Bipolarizado continuo a caminhada
até a próxima corrente ensandecida.

Sorrir de ódio e chorar de alegria,
Vendo nos olhos de quem acha o que sou,
Quando eu venço, bipolar é inteligente,
Quando eu perco, é bipolar, meio demente.

Não estou doente, vim com outra estrutura,
Do nascimento até descer na sepultura.
Não por acaso sigo em linha o tratamento,
Não quero a dor de um estigmatizado.

Sou responsável por meus atos e destratos,
Eu uso as armas que eu tenho no momento,
Veja em mim um ser humano que quer vida,
Não me condene por ser bipolarizado.

Não sou um só.

Olho pro espelho
e vejo um rosto triste,
pedindo pra falar

O olho vermelho
não está tão seco,
inveja o rio a transbordar

Mas falar comigo
não vai dar.
Eu e meu umbigo
não fazemos um bom par.

Se já tive amigos
joguei todos fora.
Ficaram no meu porão.

Com novos amigos
não me abro agora.
Memórias de decepção.

Se falar comigo
vou travar.
Sei não faz sentido
eu dizer que...

Não sou um,
nem só,
nem sou um só.

Ouça a música

domingo, 18 de abril de 2010

Tropeçando, somente...

Disseram que o mundo meu era bem diferente
Que agia sem rumo, sem rota e muito de repente
Deitando ou gritando além do que me caberia
Plantar sem colher e colher quando não deveria

Deram-me um óculos de lítio e cama tarja preta
Dormiria e veria o que é ter um jeito assim normal
Eu sigo sem pleito mas sigo essa ideologia
Entre o que era estranho e o novo estranho igual

Falaram: "poderia a vida ser diferente"
Dos pontos de vista que tenho mudou só o tempo
Ainda estou mas não sou nada do que eu era
Nem o peso de tanta quimera eu sustentaria

Então novos olhos valeram para alguma coisa
Manteve-me aqui para marcar só a minha presença
Vejo todo o espetáculo em um camarote de luxo
Nesse show eu fiquei só pra ver e pra dar audiência.