sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Céu


Quando em alma corria do enfado,
Nuvem caída no chão, de lado,
Descia, descia, descia no canto,
Na boca o lobo tragava meu sonho,
Cantava o sorriso do olho irado,
Deitei este corpo sangrando um fado.

Ai! que me fiz tão pequeno e tão raso,
Sinto e senti do mistério um raio,
Não com justiça olho o meu passado,
Não sem justiça o tenho olhado,
Verde pastagem é a relva do inferno,
Doce e cego é o riso de Adão.

Ai! que me vi tão pequeno e tão manso,
Rasgo de dor de um cajado ameno,
Minha raiz quase tirei do senho,
Porque tornei-me a doença falada...
Mudo, soturno de alma calada,
Deitei o corpo sangrando o nada.

Canto o sorriso do olho irado,
Vivo a cegueira do riso de Adão,
Ainda escuto a parte que chora,
Agora não posso meu uivo ecoa,
O lobo avança na verde pastagem,
Preciso voar dentro da tempestade. 



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